sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


"Um som quase inaudível, como só pode ser o de umas lágrimas que vão deslizando
lentamente até às comissuras da boca e aí se somem para recomeçarem o ciclo eterno das inexplicáveis dores e alegrias humanas."


[Saramago]

(...) "Sim, é verdade, eu tenho medo das gentes, pra dizer a verdade eu me cago de medo das gentes!
O que eu tenho visto de pulhas, de máscaras atadas dia e noite sobre umas caras de pedra...
O que eu tenho visto de mesquinharia, de crueldade, de torpeza, de estupidez..."
(Hilda Hilst)

Deus, eu faço parte do teu gado: esse que confinas em sonho e paixão, e às vezes em terrível liberdade. Sou, como todos, marcada neste flanco pelo susto da beleza, pelo terror da perda e pela funda chaga dessa arte em que pretendo segurar o mundo.
No fundo, Deus, eu faço parte da manada que corre para o impossível, vasto povo desencontrado a quem tanges, ignoras ou contornas com teu olhar absorto.
Deus, eu faço parte do teu gado estranhamente humano, marcado para correr amar morrer querendo colo, explicação, perdão e permanência.